O sonho da riqueza e o desejo de conhecer “as maravilhas” narradas pelos poucos homens que puderam viajar para o Oriente naquela época, eram mais fortes que o temor sobre o desconhecido (como monstros marinhos, a Terra ser quadrada, a Linha do Equador queimar a pele de quem passasse por ela e tantos outros temores). Assim, deu-se inicio a expansão marinha europeia.
No texto de Marco Polo, podemos notar que o comércio renasce depois da Idade Média. Passa-se a admitir os produtos do Oriente, especialmente as especiarias. As mesmas eram utilizadas principalmente para conservar os alimentos, afinal, não haviam geladeiras na época. Além disso, as especiarias melhoravam o sabor dos alimentos. Marco Polo era um dos viajantes que iam para o Oriente comprar as especiarias para revender na Europa.
Como a Itália (mais precisamente Gênova e Veneza) dominava o mar mediterrâneo, não era possível utilizar essa rota para chegar ao Oriente, portanto, os demais países que quisessem ter acesso as riquezas teriam que tentar por outro lado. Assim, decidiu-se tentar pelo oceano atlântico.
Para possibilitar essas grandes viagens, precisou-se de avanços na cartografia e na tecnologia marítima. Por ser um Estado-nação litorâneo, onde o oficio da navegação era ensinado nas escolas (escola de Sagres), e o mar era conhecido por conta da população majoritária de pescadores, Portugal acabou sendo o pioneiro nas grandes navegações. Foi lá que se inventou a caravela e aperfeiçou-se os mapas e instrumentos como a bússula e o astrolábio. O conhecimento cartográfico a partir do século XV passou a significar poder e múltiplas vantagens para os Estados modernos. O mesmo detinha o monopólio do conhecimento cartográfico sob a forma de manuais de navegação, conhecidos como portulanos. Além da vantagem do conhecimento sobre o mar, era preciso recursos para bancar as navegações. Ter a presença de uma figura forte de um rei ajudou nisso.
O conhecimento da dimensão do continente Africano se mostrou errôneo, a África era muito maior do que se imaginava. A cada investida que se fazia e se falhava (os recursos eventualmente chegavam próximos ao fim, mas o continente Africano não parecia terminar num local próximo ao que se encontravam), os portugueses deixavam pessoas no território africano, com o objetivo de infiltragem, assim, estabeleceriam relações, descobririam a língua nativa e observariam se havia algo para explorar. Durante esse período de infiltramento, os africanos faziam acordos com os portugueses, esses acordos eram selados com os africanos se convertendo ao catolicismo. Os portugueses davam armas e pólvora e em troca recebiam escravos.
Em 1488, chegam finalmente ao fim da África através do Cabo das Tormentas, vale lembrar que as investidas foram iniciadas aproximadamente no ano de 1415. Porém, apenas 10 anos depois de chegar ao extremo da África é que se chegou as Índias, em uma expedição liderada por Vasco da Gama, em 1498.
Portugal passa a impedir qualquer investida de outros países pelo trajeto do oceano Atlântico, mas, como a Espanha também queria ter acesso as riquezas, ela aceita a teoria de Cristóvão Colombo (um italiano) de que a Terra é redonda, e que se desse a volta se chegaria as Índias. Vale lembrar que Cristóvão só daria a ideia para os reis da Espanha se eles financiassem a viagem. Tendo o patrocínio da Espanha, Cristóvão e sua tripulação atravessaram o oceano, e, em 1442, chegam nas ilhas da América Central acreditando terem chego as Índias. Ele retorna para a Espanha para informar que objetivo da viagem fora alcançado.
As expedições que posteriormente foram enviadas ao Novo Mundo, como ficou conhecido o continente americano, acirraram as disputas entre Espanha e Portugal. Com o objetivo de proteger o acesso às terras encontradas, aos metais preciosos, às especiarias e garantir a maior participação do reino na obra evangelizadora, a Igreja decretou uma série de bulas papais (carta aberta expedida em nome do papa, de caráter internacional e oficial, que contém ordens) que concediam à Espanha e a Portugal o monopólio sobre determinados territórios. Assim, em 1494 foi acordado entre os dois Estados o Tratato de Tordesilhas, que traçava uma linha imaginária pelo continente Americano.
Documentos importantes mostram que Cabral não teria sido o primeiro explorador a serviço de Portugal a desembarcar em terras americanas. Antes dele, a Coroa portuguesa teria enviado à América o navegador português Duarte Pacheco Pereira, em 1498. A missão de Pereira ficou em sigilo porque ele teria aportado numa área de possessão espanhola, na fronteira do Maranhão com o Pará. Dois anos depois (supostamente em 22 de abril de 1500), Cabral foi enviado pelo rei à América para reconhecer as terras que, pelo Tratado de Tordesilhas, já pertenciam a Portugal. A ideia de que Cabral teria aportado acidentalmente no Brasil é contestada por importantes historiadores portugueses e brasileiros.
Portugal acaba percebendo o quanto pode lucrar com suas novas terras, então acaba deixando de lado as investidas para as índias e focando na América e na África. A Holanda se aproveita disso e passa a dominar as índias, também cria a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, que visava investir contra territórios ultramarinos portugueses. Os holandeses desembarcam nas Antilhas (Caribe) e lá se tornam nossos concorrentes na produção de cana-de-açúcar. Já a Inglaterra vai se focar na pirataria. Eles dominam algumas regiões dos EUA, Canadá e Caribe, porém não mantém regras tão rígidas sobre os nativos da região, como Portugal fazia.
As conquistas ultramarinas produziram grandes transformações, tanto na Europa como nas Américas. O mundo conhecido pelos europeus ampliou-se enormemente. O comércio tornou-se mundial, e o eixo econômico deslocou-se do Mediterrâneo para o Atlântico. Houve o declinio do monopólio comercial dos italianos, tendo como substituto deste posto Portugal, Espanha, Inglaterra e França. Na Europa, o grande afluxo de metais provenientes das colônias americanas provocou uma verdadeira revolução nos preços dos produtos. Os europeus introduziram na América uma série de animais e plantas até então desconhecidos pelos nativos. Os mesmos também tiveram contato com as instituições políticas, a cultura cristã e as doenças estranhas a eles vindas dos europeus.
A expansão marítima possibilitou que o Oriente e as Américas, até então isolados, se integrassem à economia europeia. Essa integração, auxiliada pelo aperfeiçoamento dos transportes com o uso de novas tecnologias, iniciou a expansão do comércio em escala mundial. Tendo este cenário como pano de fundo, criou-se um conjunto de princípios e práticas econômicas chamado de Mercantilismo, que tinha como objetivo ampliar o potencial do comércio como fonte geradora de riquezas para o Estado nacional. As caracteristicas do mercantilismo eram:
- Prática comercial com intervenção estatal
- Ter um rei absolutista (dinheiro e poder)
- Metalismo, ou seja, o acúmulo de prata e ouro através do comércio
- Deixar a balança comercial favorável (Exportação “mais pesada” que importação)
Para evitar a importação, o rei incentivava a indústria nacional e aumentava o imposto dos produtos importados. Tal processo é chamado de criação de barreiras alfandegarias, e isso acaba criando um Estado protecionista. Com o mercantilismo, surge também o pacto colonial. Com este pacto, a Colônia (América) só poderia comprar da Metrópole (Europa) e vender matéria-prima para ela. Isso gera um monopólio comercial. Portugal proíbe a criação de indústrias para lucrar cada vez mais.
Em boa parte das terras que hoje se localiza os Estados Unidos, havia colônias de assentamento. Como os católicos eram perseguidos pelos anglicanos na Inglaterra, eles eram mandados para essas colônias. Depois de 1750, enquanto a Inglaterra estava passando pela Revolução Industrial, ela proíbe os nativos de fazer comércio com outros países. Com isso, as pessoas que habitavam a região fizeram a Revolução do Chá, dando inicio ao processo de independência.
É preciso reforçar que a América não era um nada antes de ser “descoberta” pelos europeus. Possuíamos grandes impérios, comércio e roupas coloridas. Inclusive haviam regiões em que eramos superiores a muitas cidades européias, como podemos observar no texto de Hernán Cortés. Antes do dito descobrimento possuíamos três grandes sociedades na América: os Maias, os Astecas e os Incas.
Os Maias (localizados na região que hoje se encontra o México) não eram um império, mas sim uma cidade-Estado. Eles desapareceram por volta de 800d.c., e as razões permanecem desconhecidas até hoje. Hipóteses sugerem que o desaparecimento possa ter relação com as coivaras (prática de amontoar galhos de árvores e arbustos e atear fogo antes de se plantar), alguma epidemia ou até mesmo guerras territoriais. O observatório astronômico em formato de Caracol mostra que essa civilização possuía conhecimentos de arquitetura e astronomia.
Os Astecas (localizados na região que hoje se encontra o México) foram um império surgido em Tenochtitlan, em 1325. Seu líder era Montezuma. Sabemos de algumas características deste império através dos Códice de Mendonça que eram enviados para o rei espanhol e pelos relatos de Hernán Cortés. O império é destruído pelos espanhóis liderados pelo próprio Hernan. A bandeira do México remonta uma imagem Asteca que conta o mito do surgimento.
Os Incas também constituíram um império, eles se localizavam na região que hoje fica o Peru. Este império era constituído por aproximadamente 12 milhões de pessoas. Também possuiam conhecimentos astronômicos e desenvolveram uma escrita. Deixaram como registro histórico Matchupichu (30% é original, o restante foi reconstituído). Seu conhecimento arquitetônico é impressionante, haviam pontes e canais melhores que os da Europa. Seu líder inca era Tucap Amaru. Foram destruídos pelos espanhóis liderados por Pizarro.
Além dessas grandes civilizações, tínhamos as sociedades caçadoras, coletoras e agricultoras. As sociedades coletoras e caçadoras eram em sua maioria indígenas brasileiros. Nestas sociedades há a divisão do trabalho, onde os homens ficavam responsáveis pela caça e as mulheres pela coleta. Já nas sociedades agricultoras ou de subsistência estão os indígenas que vão conseguir se manter, vão ter a prática da agricultura (ex: Guarani), não são tão nômades quanto os caçadores e coletores. É importante ressaltar que os indígenas não gostam de ser considerados iguais aos outros grupos.
Muitos dessas sociedades que viviam antes do “descobrimento” europeu foram dizimadas, e os principais motivos para isso são as doenças, as alianças com grupos indígenas inimigos, as armas (a mais prolifica foi a espada), os cavalos/bois que davam vantagem nas lutas e a pólvora. Os “lucros” que os europeus obtiveram com a expansão foram a economia e a expansão da fé católica (1530).
A Igreja Católica considerava os indígenas como pagãos e os africanos como infiéis. Os indígenas, aos olhos da igreja, tinham salvação e a princípio não poderiam ser escravizados. Porém, os iindígenas que não aceitaram a igreja puderam ser escravizados, já os que aceitaram foram aldeados (missões jesuítas), onde aprendiam agricultura e a montar flautas. Essas aldeias funcionavam quase como cidades.
São Paulo era uma província na Colônia que em sua maioria usava indígenas como escravos. Nesta época havia os chamados bandeirantes, que exploravam o interior em busca de índios para vender como escravos. Em Santa Catarina (1800), os alemães denominavam os índios que não se convertiam de bugres. Bugreiro era como os caçadores catarinenses eram chamados, inclusive bugreiro era considerado uma profissão.
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